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segunda-feira, 5 de abril de 2010

Estava eu em casa, numa noite chuvosa, comecei a organizar a minha pasta e encontrei um o resumo de uma aula de sociologia, achei interessante e pensei em postar, e, aqui está leiam e reflitam .

Reflexões acerca do Islanismo hoje


Dizer que o Islam é a religião que mais cresce no mundo já é consenso. Com quase um bilhão e meio de adeptos espalhados pelo mundo,os muçulmanos representam perto de 25% da população mundial e não dá mais para dizer que eles não são mais uma realidade social,politica e religiosa.
Muito se fala sobre o Islam ,mas pouco se sabe sobre ele.
Em recente pesquisa realizada pelo HISTORIANET sobre a expansão do Islam,em um universo de de mais 650 pessoas ,48,1% manifestaram a opinião de que o Islam representa uma ameaça para o imperialismo norte-americano. Trata-se de um percentual elevado que só demonstra como o preconceito existe e como está enraizado em nós. Desde cedo somos direcionados no sentido de ver o Islam como uma ameaça,seja pela politica,religiosa ou social. No nosso imaginário Islam é sinonimo de fanatismo, e muitos associam ao terrorismo. Um avião cai,um prédio explode, logo somos induzidos a achar que se trata de obra de algum muçulmano árabe fanático, em plena “guerra santa” contra o ocidente.

Um dos erros mais comuns é a associação que se faz do Islam com a cultura árabe. Apesar de o Islam ter surgido na península arábica , e de ter na língua árabe a língua do Alcorão,fator de unidade,atualmente os árabes representam uma minoria nesse universo,menos de 18% do total.
O próprio uso da palavra “árabe” expressa um preconceito,pois coloca sob o mesmo denominador ,africanos,curdos,persas e turcos. Desconhecemos suas origens,suas origens, suas culturas,suas tradições,as particularidades especificas de cada povo. Muito do que é passado pela mídia traz o viés do etnocentrismo,nós,no ocidente,civilizados,cultos,eruditos,belos e formosos e eles,o oriente,a barbárie,a ignorância ,o atraso. Como no século XIX,continuamos a impor a nossa maneira de ver o mundo,os nossos valores,nossa cultura estes sim,verdadeiros e legítimos. Estranhamente apagamos de nossa memoria o fato de que muito do nosso cotidiano é devido à cultura islamica que dominou o mundo por muito tempo!

Esta postura,em grande parte deve-se a uma politica colonialista européia, iniciada no século XIX,que ao “levar a civilização aos povos bárbaros”,na verdade representou um processo continuo de apartheid,exploração,expropriação e genocídio. Muitas das questões que afligem o mundo contemporâneo têm origem nessa politica de denominação
Contrariamente do que se pode pensar,o Islam reconhece,entende e aceita a existência dos diferentes povos. Em um de seus versículos,o Alcorão,o livro sagrado dos muçulmanos,diz que os homens foram criados em nações para que se conhecessem e se compreendessem e nãopara que fossem inimigos. Em seu “Sermão da Despedida”,o profeta Mohammad,cujo exemplo de vida é seguido por todos os muçulmanos,disse que um árabe não é superior a um não árabe,nem um não árabe é superior a um árabe;o branco não é superior ao negro,nem negro tem qualquer superioridade sobre um branco,exceto quanto à temência a Deus; e que os homens tem certos direitos em realação às mulheres,mas as mulheres também têm direitos sobre os homens.

Quanto à mídia, esta faz a sua parte,limitando a nossa forma de compreender o mundo aos padrões convencionados como “civilizados”.Saliente o que é estranho à cultura ocidental e esconde o que efetivamente acontece naquelas regiões. Enfatiza as proibições,as restrições impostas às mulheres,enfim,o aspecto exterior da questão,sem estabelecer uma relação de causa e efeito dos acontecimentos,sem definir o que são costumes e tradições e o que é verdadeiramente islâmico.
Sob esta ótica,para o ocidente, tudo é esquisito no Islam, e do ponto de vista da aparência externa
,não há muita diferença do Afeganistão para a Arábia Saudita ou a Jordânia,muito embora Arábia Saudita e Jordânia se alinhem politica e ideologicamente com o Ocidente. Vivemos num mundo globalizado, e por isso,altamente interdependente. As transformações no ocidente influenciam um e outro profundamente. De um lado, temos os muçulmanos querendo se recuperar-se dos efeitos perversos do colonialismo e sua sociedade exigindo mudanças sociais e politicas,mas qualquer põe em perigo a correlação de forças atuais. Do outro lado ,as grandes potencias se opõem a iniciativas que ponham em cheque sua hegemonia politica, e os países dependentes, temendo perder sua soberania recém conquistadas,vêem com desconfiança qualquer tentativa por parte de quem até bem pouco tempo era opressor. A preocupação humanitária em relação a condição da mulher muçulmana é muitas vezes acompanhada por um discurso que sataniza o Islam o que faz com que os muçulmanos fiquem mais desconfiados ainda. As conseqüências desses embates ,cultural ,poliico e social,inevitavelmente acabam repercutindo na mulher, o elo mais fraco dessa corrente.

No caso do Afeganistão, mais evidência, chega até nós sob forma de aberração. No entanto, não nos ensinam que se trata de um país que vem de uma história de invasões ,ocupação soviética por mais de 10 anos,que desestruturou sua economia, que sua população vive sob um cotidiano de guerra constante,uma vez que o Taleban não detém controle total do país ,que existe uma luta interna de poder entre facções muçulmanas . Como se não bastasse, os EUA acusaram o rico empresário saudita Osama bin laden de estar envolvido nos atos terroristas as suas embaixadas no Quênia e na Tanzânia . Quando o regime do Taleban se recusou a entregar Bin Laden aos EUA , a ONU , em represália , impôs pesadas sanções ao Afeganistão ,cujo o ônus como sempre recaem sobre a pop pulação indistintamente,homens ,mulheres e crianças.

Quando o Taleban usa a retórica ideológica para privar a mulher muçulmana do acesso à educação básica , a mídia ocidental condena,e com razão. Afinal ,há 14 séculos o Islam assegurou direitos sociais e econômicos que objetivaram garantir igualdade entre homens e mulheres ,inclusiveo acesso igual à educação,o direito de expressão , de propriedade e de voto. Mas, não tem razão quando define as restrições impostas à mulher afegã como parte da doutrina islâmica . O Islam não é a prática que dele fazem alguns muçulmanos. A critica Taleban ,assim,transforma-se num pretexto para condenar os legítimos islâmicos em geral ,e mostrar ao ocidente que o Islam é incompatível com as modernas exigências sociais e politicas e que nada poderia ser pior do que uma sociedade fundada nos princípios islâmicos.

Na verdade ,grupos como o Taleban ,em nada diferem de tantos outros espalhados pelo mundo moderno. Movimentos semelhantes podem ser encontrados em outros países e entre as muitas religiões do mundo e não imaginamos que eles possam ameaçar a hegemonia das grandes potências.
Os cristãos norte-americanos que bombardeiam clinicas de aborto ,hindus que atacaram a mesquita de Babri ,e que estão de olho nas inúmeras de olho nas mesquitas espalhadas pela Índia, judeus ultra-ortodoxos que atiram pedras em mulheres que andam pelas ruas vestindo calças ou mangas curtas,enfim , todos são a expressão contemporânea da intolerância e, nesse sentido ,têm mais em comum com o Taleban do que eles percebem e muito menos a ver com o Islam, como somos levados a supor.

Todos esses movimentos,apesar de suas diferenças externas,são uma reação às dramáticas mudanças sociais, politicas e econômicas que vêm ocorrendo nos últimos 150 anos. As transformações são rápidas ,adquiriram uma dinâmica própria e estão além do controle das pessoas comuns . Os muçulmanos em geral acalentam de estado islâmico ,mas percebem que esse sonho vai ficando cada vez mais distante, diante do avanço inexorável de uma civilização global secular agressiva e tecnologicamente mais avançada. Em seu movimento de reação esse grupos acabaram por enfatizar o lado material ,porque mais fácil de ser controlado e de ser imposto às pessoas . Na verdade ,a violência do Taleban contra os que desrespeitam as regras não deixa de ser implementação da moderna visão de que a interferência da moderna visão de que a interferência
do estado na vida das pessoas é a resposta para maior parte dos problemas sociais .

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